terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Assim eu vejo a vida. (Cora Coralina)

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012


O BURRO NO POÇO

Um dia, o burro de um camponês caiu num poço. Não chegou a se ferir, mas não podia sair dali por conta própria. Por isso o animal chorou fortemente durante horas, enquanto o camponês pensava no que fazer.

Finalmente, o camponês tomou uma decisão cruel: concluiu que já que o burro estava muito velho e que o poço estava mesmo seco, precisaria ser tapado de alguma forma. Portanto, não valia a pena se esforçar para tirar o burro de dentro do poço. Ao contrário
, chamou seus vizinhos para ajudá-lo a enterrar vivo o burro. Cada um deles pegou uma pá e começou a jogar terra dentro do poço.

O burro não tardou a se dar conta do que estavam fazendo com ele e chorou desesperadamente. Porém, para surpresa de todos, o burro aquietou-se depois de umas quantas pás de terra que levou. O camponês finalmente olhou para o fundo do poço e se surpreendeu com o que viu.

A cada pá de terra que caía sobre suas costas, o burro a sacudia, dando um passo sobre esta mesma terra que caía ao chão. Assim, em pouco tempo, todos viram como o burro conseguiu chegar até a boca do poço, passar por cima da borda e sair dali trotando.

A vida vai te jogar muita terra nas costas. Principalmente se você já estiver dentro de um poço. O segredo para sair do poço é sacudir a terra que se leva nas costas e dar um passo sobre ela.

Cada um de nossos problemas é um degrau que nos conduz para cima.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Distância é a palavra


Eu não tenho por hábito (mas que fique claro, não significa que é certo) estar sempre com os da minha família, não são para todos que consigo dar longos abraços, não são todos os que participaram da minha vida, a grande maioria até lembra o meu aniversário, mas quando muito, me felicitam quando nos encontramos. Eu faço o mesmo.
Assim eu fui criada. Distância é a palavra. Essa família tem medo de carinho, de demonstrar amor. Talvez isso possa representar fraqueza? E o antepassado que invento isso só queria proteger os seus, tornando-os secos, duros, exigentes, sem abraços, sem beijos... Fico pensando: Seria uma forma de tornar a despedida menos dolorida, caso fossem vendidos para outros “senhores de escravos”? Não sei, nunca vou saber. Claro que sempre tem aquele que foge à regra e assim nos tornamos duas linhas os duros incorrigíveis e os duros que lutam contra essa natureza.
Vai parecer muito estranho que nos dias de hoje ainda possa acontecer isso, mas até a algum tempo atrás eu e a minha mãe não trocávamos abraços e beijos e ela e a mãe dela, essa hoje já com 86 anos de idade, esforçam-se para tocarem-se, triste, mas verdadeiro.
Eu nunca pensei que conseguiria demonstrar amor, ou que do nada pudesse abraçar alguém ou me deixar receber carinho, ou simplesmente chorar na presença de outro. Isso não significa não sentir vontade, mas é quase vergonhoso... É algo muito forte, que só com muita força de vontade podemos ir lutando contra essa natureza tão solitária.
Eu luto todos os dias para tentar ser melhor, eu beijo abraço e digo que amo o meu filho todos os dias desde que ele nasceu. Não sinto mais vergonha, e muito menos recuo como um gato arisco quando alguém tenta me tocar.
Não tenho mais como reparar o passado, pelos carinhos que não demonstrei muito menos como pedir desculpas para as pessoas, que fui fria e seca. Mas sinto arrependimento pelos abraços que não dei pelos carinhos que não correspondi...
Daqui para frente não perderei mais uma oportunidade para demonstrar o que sinto, pois amo a minha família, os meus amigos e os meus bichos e percebi que não fico fragilizada, antes, esse amor me dá forças para querer ser sempre melhor.


P. Proença

08/08/2011


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Gatos são divinos. E bem superiores a nós. (Aiilin Aleixo)




Amo gatos. Amo suas vibrissas, que, quando criança, cortava pensando estar fazendo a barba do bicho. Suas unhas, que já me retalharam de cima a baixo (nunca deixei de pegar um sequer no colo, mesmo os ariscos ou sarnentos). Amo os dentes afiados. O andar deliciosamente rebolante (cresci tentando imitá-los e hoje rebolo tanto que parece que vou desconjuntar). Amo a maneira como se lavam, o modo como dormem, encolhidos. Os grandes olhos amarelos. Mas o que mais amo é o que muita gente odeia: a personalidade.
Eles não precisam de você, ou de mim, pra dar comida, arrumar uma gata gostosa ou se distrair. Sabem muito bem viver sozinhos, mas oferecem o prazer de sua companhia. Se estivermos à altura, é claro. Gatos só se deixam "criar" por pessoas pelas quais têm o mínimo de respeito (você costuma ver mendigos ou bêbados com gatos de estimação?). Independentes.
Eles nos olham como se fôssemos completos imbecis - que somos - quando balbuciamos alguma estupidez do tipo "Xaninho, vem com a mami": ora, já que vamos abrir o bocão, que seja para algo que preste. Ou os deixemos dormir em paz, que o sono é sagrado, meu amigo. Cínicos.
"Amo no gato a suprema indiferença e a distinção com a qual ele passa dos salões aos telhados." Elegantes. Pouco importa se moram num lixão ou numa almofada fofa, os gatos satisfazem-se com o que são e não precisam ir ao pet shop colocar lacinho e perfume pra serem aceitos. Não admitem humilhação: que gostem deles do jeito como são ou os esqueçam, porque pra eles tanto faz.
Charmosos. Nunca se vêem gatos transando, muito menos atracados no meio da rua, de bando. São amantes noturnos, discretos. O máximo de participação que nós temos no ritual é auditiva - ou líquida, quando os mais babacas jogam água pra apartar. E, mesmo aparecendo sem um pedaço da orelha no dia seguinte, aquele olhar sacana vale a noite de sono perdida com a gritaria. É impossível se zangar com um gato.
Eles não fazem festa quando chegamos em casa, não babam com o linguão pra fora ou rolam pelo chão, mas sabem direitinho quando estamos tristes. Daí chegam, como quem não quer nada, sobem no nosso colo, ronronam (ah, como adoro esse barulhinho!), dormem um pouco e vão embora. Não são disponíveis nem estão ao alcance da mão todo o tempo, é certo, mas quando um gato está com você pode ter certeza de que ele não gostaria de estar em mais nenhum outro lugar. E nem faz aquilo por hábito ou obrigação. Diferentemente dos cães, gatos não querem ter um dono, e sim compartilhar bons momentos. Honestos.
Conviver com eles requer maturidade. Não são traiçoeiros, são livres. Nunca bajulam. São autênticos, por isso são difíceis. É muito mais fácil lidar com mentiras gentis, babação de ovo, puxação de saco, não é? E agora não me refiro só a felinos...
Gatos são muito parecidos com os humanos, por isso tanta gente os odeia: sabemos tão pouco lidar com eles como conosco mesmos. Parecidos, mas melhores: não mentem, não têm hierarquia, não fingem gostar de crianças, não sorriem quando na verdade querem te estralhaçar. São rancorosos (experimente maltratar um deles e, inadvertidamente, cruzar com ele de novo), preguiçosos, sedutores, imprevisíveis. Enigmáticos, interessantes, sagrados.
Defeitos e virtudes no ponto certo.
Gatos seriam homens perfeitos.






Ode à bunda dura. (Ailin Aleixo)








Tenho horror a mulher perfeitinha. 
Sabe aquele tipo que faz escova toda manhã, tá sempre na moda e é tão sorridente que parece garota-propaganda de processo de clareamento dentário? E, só pra piorar, tem a bunda dura? Pois então, mulheres assim são um um porre. Pior: são brochantes.
Sou louca? Despeitada? Então tá, mas posso provar a minha tese. Quer ver?

Escova toda manhã. A fulana acorda as seis da matina pra deixar o cabelo parecido com o da Patrícia de Sabrit. Perde momentos imprescindíveis de rolamento na cama, encoxamento do namorado, pegação, pra encaixar-se no padrão "Alisabel é que é legal". Burra.

Na moda: estilo pessoal, pra ela, é o que aparece nos anúncios da Elle do mês. Você vê-la de shortinho, camiseta surrada e cabelo preso? JAMAIS! O que indica uma coisa: ela não vai querer ficar "desarrumada" nem enquanto tiver transando. É capaz até de fazer pose em busca do melhor ângulo perante o espelho do quarto. Credo.
Sorriso incessante: ela mora na vila do Smurfs? Tá fazendo treinamento pra Hebe? Sou antipática com orgulho-só sorrio para quem provoca meu sorriso. Não gostou? Problema seu. Isso se chama autenticidade, meu caro. Coisa que, pra perfeitinha, não existe. Aliás, ela nem sabe o que a palavra significa, coitada.
Bunda dura. As muito gostosas são muito chatas. Pra manter aquele corpão, comem alface e tomam isotônico (isso quando não enfiam o dedo na garganta pra se livrar das 2 calorias que ingeriram), portanto não vão acompanhá-lo nos pasteizinhos nem na porção de bolinho de arroz do sabadão. Bebida dá barriga e ela tem HORROR a qualquer carninha saindo da calça de cintura tão baixa que o cós acaba onde começa a pornografia: nada de tomar um bom vinho com você. Cerveja? Esquece! Melhor convidar o Jorjão.

Pois é, ela é um tesão. Mas não curte sexo porque desglamouriza, se veste feito um manequim de vitrine do Iguatemi, acha inadmissível você apalpar a bunda dela em público, nunca toma porre e só sabe contar até quinze, que é até onde chega a seqüência de bíceps e tríceps. Que beleza de mulher. E você reparou naquela bunda? Meu deus...
Legal mesmo é mulher de verdade. E daí se ela tem celulite? O senso de humor compensa. Pode ter uns quilos a mais, mas é uma ótima companheira de bebedeira. Pode até ser meio mal educada quando você larga a cueca no meio da sala, mas adora sexo. Porque celulite, gordurinhas e desorganização têm solução (e, às vezes, nem chegam a ser um problema).

Mas ainda não criaram um remédio pra futilidade. Nem pra dela, nem pra sua.




terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Para que serve uma relação? (Drauzio Varella)




Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado.
Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo enquanto você prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante, para ter alguém com quem ficar em silêncio sem que nenhum dos dois se incomode com isso.


Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e, quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada e bonita a seu modo.


Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.


Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem o corpo um do outro quando o cobertor cair.


Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro no médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois!!










sexta-feira, 23 de julho de 2010

Procusto.(Andresa, do Blog Amar... se não amar!)


Na mitologia grega encontramos uma figura bem interessante, porém, muito cruel... Trata-se de um malfeitor chamado Procusto que habitava em uma floresta e possuía uma cama de ferro com a medida exata de sua estatura. Todos os visitantes de Procusto eram forçados a deitar em sua cama e os que eram demasiados altos, tinham o excesso de seu comprimento amputados de modo a se encaixarem na cama. Por outro lado, os visitantes de menor estatura eram esticados até alcançarem o comprimento suficiente.

Conheci essa história bem no início da faculdade, onde o linguista Marcos Bagno comparava as atitudes de Procusto com os métodos tradicionais de ensino que possuíam um molde exato. Os alunos deveriam se encaixar perfeitamente nesse molde, não importando se tivessem de ser amputados ou esticados para isso.

Para os mais jovens talvez essa história não faça muito sentido (como a luta pela liberdade de expressão não fazia muito sentido pra mim, pois já conheci uma sociedade livre, diferente das pessoas que tiveram que lutar por essa liberdade no período da ditadura militar). Hoje os métodos educacionais estão bem mais flexíveis, o aluno pode pensar por si mesmo, é incentivado a criar "seu próprio" método de aprendizagem e é estimulado pelo professor (pelo menos deveria) a ter um olhar crítico diante de tudo que o cerca... O aprendizado vai muito além das quatro paredes da sala de aula, ou à cama de Procusto.

Mas se pararmos para refletir, esse mito de Procusto vai além, muito além da área específica da Educação, pois representa a intolerância do homem em relação ao seu semelhante. Precisamos tomar o cuidado para não agir da mesma forma, pois a nossa tendência é sempre criar "nossos padrões" de vida, de pensamento, de atitudes, de conceitos e "pré-conceitos"...
Amputamos e esticamos muitas pessoas com justificativas banais, e em uma sociedade tão individualista, essas atitudes são consideradas "normais", - Quem já não foi amputado ou cortado algum dia? Quantas vezes já nos sentimos "marionetes" nas mãos de alguém ou de um sistema que insiste em ditar regras?
Não temos o direito de podar as pessoas, seu modo de ver e viver a vida, simplesmente por elas não se encaixarem ao nosso padrão... Assim como ninguém tem esse mesmo direito de limitar nossas ações. Respeito acima de tudo!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Garçom,novas histórias.Por favor! (Jackeline Aguiar)


É isso gente, cansei. Depois de um tempo sumida percebi que estou absurdamente cansada. Não quero mais essa vida. Eu não preciso de ninguém para me completar ou me fazer feliz, mas eu tenho o livre arbítrio e eu quero alguém, posso?
Percebi que minha ausência nada tem a ver com a falta de histórias ou minha capacidade de transformar banalidades em momentos cômicos, eu continuo a mesma, só que agora, estou cansada.
Na última quinta-feira fui a um show de uma banda que toca música eletrônica (reflitam) e estava muito empolgada. Era véspera de feriado, eu tinha um vestido preto lindo que nunca tinha usado e a minha bebida preferida ice vinha em dose dupla até a uma da manhã, por isso, por volta de meia-noite e cinqüenta e cinco eu não sabia mais quem eu era.
Uma das minhas amigas se interessou por um tipinho a la Vin Diesel, que me causou náuseas pela forma como a olhava. Era como se ela fosse um pedaço de carne e ele um cão faminto há dias, melhor, semanas. A outra (amiga) se enfiou na chapelaria para fazer as honras da casa com outro tipinho e quando vi que ia sobrar para mim, corri para o banheiro. Ao sair percebi que a porta estava emperrada e somando o barulho infernal do lugar, achei que morreria lá. Desisti de gritar e fazer força, abaixei a tampa, sentei no vaso e comecei a pensar sobre aquela noite.
As pessoas têm uma idéia errada de que curtir a vida, ou pelos a solteirice, é somente estar num lugar cheio de pessoas estranhas, com muito álcool na cabeça e que tocam seu corpo como se estivessem em uma degustação. Gostou? Não? Ah ok. Próximo, por favor!
Sempre que chego em casa e deito na cama enquanto a cabeça roda, os olhos pesam e os pés doem, penso na inutilidade daquela noite. Não sei se é um que de “estou ficando velha” ou “há mais de dez anos vejo este filme e já deu né?”, ou quem sabe os dois, mas acho que cansei.
Podem me dizer que o importante é a diversão, é compartilhar bons momentos na companhia de alguns amigos e o melhor uísque (ou não) da casa, mas acho que à partir de certa idade, a maioria das mulheres que estão nestes locais tentam disfarçar os olhos de desespero enquanto procuram por alguém para suprir sua carência por, pelo menos, uma noite. Elas desejam secretamente que eles peçam o número do telefone e que prometam ligar no dia seguinte, assim poderão voltar para casa com um pouco mais de fé no amor.
Percebe-se que fiquei um tempão no banheiro. Quando finalmente decidi tentar novamente, fiz tanta força para abrir a porta que machuquei feio a mão e agora toda vez que olho para o curativo me lembro do quão cansada estou.
Não que eu vá necessariamente namorar, me casar ou qualquer coisa parecida. Só acho que tenho que me adaptar a um “estar solteira” que faça mais sentido na fase em que me encontro, entende?
Amadureci com meus relacionamentos mal sucedidos e sei exatamente o que quero e do que preciso. Por exemplo, não quero me casar amanhã, mas também não quero ser prensada em uma parede, num lugar qualquer, por alguém que no dia seguinte nem lembrará meu nome.
Fiz algum sentido?