
O enredo é simples: eles se conhecem, saem juntos uma ou duas vezes, ela começa a se envolver, e ele faz o quê?Inventa uma desculpa esfarrapadíssima para sair fora ou simplesmente desaparece. ”Lembra-te que és pó e ao pó voltarás”, dizia a inscrição na entrada dos antigos cemitérios. Os homens de hoje estão levando as palavras do evangelho a sério. Quando o ficar ameaça virar romance, eles se pulverizam. Ou seja: os ficantes nunca ficam. Nesse caso, não seria mais adequado chamá-los de passantes?Ou transeuntes?Faço a pergunta a uma amiga que está sempre se queixando dos homens que evaporam. ”Passantes eu tinha antigamente, hoje só me aparecem andarilhos; não contam onde moram, não dão o número do telefone e, quando a gente menos espera , já estão com a mochila nas costas.”
Ficante que não fica assumido, um amigo meu fala assim: “Minha fila não anda: ela faz spinnig. Se elas exigem uma explicação, falo que perdi meu celular e fiquei sem o número delas.” É a desculpa mais recorrente. A quantidade de aparelhos que “some” é tão grande que a gente chega a imaginar se não existiria por ai um cemitério de celulares, com dizeres como “Aqui jaz um Nokia” ou “Descanse em paz, Motorola”.
Esse amigo costuma alterar a história do celular com a monografia que tem que fazer para a faculdade. “Quando você fala em monografia, as mulheres acreditam. O problema é que as mulheres romanceiam tudo, fazem mil planos e depois se decepcionam. ’’ Outra amiga não concorda. “A gente cria expectativas porque eles dizem que vamos passar o réveillon juntos, descrevem os amigos que vão nos apresentar, enchem nossas cabeças de fantasias e, de repente, somem. E, quando um dia dão de cara com a gente na rua, ainda têm o cinismo de dizer: ‘Oi sumida!’. Alguém merece?”
“Merecer, não merecemos, mas vivemos passando por isso”, argumenta. Ela tem motivos para ficar irritada. Depois de passar um ano se correspondendo com um português pela internet, a secretária raspou a conta da poupança e foi conhecer seu amor virtual em Lisboa. No primeiro dia, um susto: ele contou que era pai -de-santo. ”Foi um choque, mas tudo bem, é que até então só sabia que ele era comerciante. O problema é que o português foi se retraindo cada vez mais e, no dia de levá-la ao aeroporto, soltou a pérola: disse que tinha uma missão espiritual na Terra, e que seu guia havia dito para ele se afastar dela, porque essa missão não permitia que ele tivesse uma companheira. “É o máximo da humilhação”, desabafa, “Você ser despachada por um guia português!”
Entusiasmadíssima com um ficante com quem só tinha saído uma vez, outra amiga minha esperou com ansiedade pelo segundo encontro. Passou o sábado se arrumando e, na hora H, nada. Ele não apareceu, não telefonou e não atendeu o celular. No domingo, ela insistiu até conseguir falar, e aí ouviu a justificativa: ele tinha sido abduzido! Contou que estava voltando da fazenda com uns amigos quando viram uma luz estranha e a caminhonete em que estavam parou. Segundo o ficante, eles viveram algumas horas estranhíssimas _ não viam ninguém, mas sentiam presenças diferentes e não conseguiam sair do local. Só foram “liberados” de madrugada e por isso ele não apareceu, explicou.”Fazer o que numa hora dessas?”, pergunta ela. “Xingar, bater, rir?” E conclui, implacável: “Quando um homem está a fim de uma mulher, não existem obstáculos. E, quando ele perde o interesse, qualquer coisa serve de pretexto – até mesmo os ETs...”
Ficante que não fica assumido, um amigo meu fala assim: “Minha fila não anda: ela faz spinnig. Se elas exigem uma explicação, falo que perdi meu celular e fiquei sem o número delas.” É a desculpa mais recorrente. A quantidade de aparelhos que “some” é tão grande que a gente chega a imaginar se não existiria por ai um cemitério de celulares, com dizeres como “Aqui jaz um Nokia” ou “Descanse em paz, Motorola”.
Esse amigo costuma alterar a história do celular com a monografia que tem que fazer para a faculdade. “Quando você fala em monografia, as mulheres acreditam. O problema é que as mulheres romanceiam tudo, fazem mil planos e depois se decepcionam. ’’ Outra amiga não concorda. “A gente cria expectativas porque eles dizem que vamos passar o réveillon juntos, descrevem os amigos que vão nos apresentar, enchem nossas cabeças de fantasias e, de repente, somem. E, quando um dia dão de cara com a gente na rua, ainda têm o cinismo de dizer: ‘Oi sumida!’. Alguém merece?”
“Merecer, não merecemos, mas vivemos passando por isso”, argumenta. Ela tem motivos para ficar irritada. Depois de passar um ano se correspondendo com um português pela internet, a secretária raspou a conta da poupança e foi conhecer seu amor virtual em Lisboa. No primeiro dia, um susto: ele contou que era pai -de-santo. ”Foi um choque, mas tudo bem, é que até então só sabia que ele era comerciante. O problema é que o português foi se retraindo cada vez mais e, no dia de levá-la ao aeroporto, soltou a pérola: disse que tinha uma missão espiritual na Terra, e que seu guia havia dito para ele se afastar dela, porque essa missão não permitia que ele tivesse uma companheira. “É o máximo da humilhação”, desabafa, “Você ser despachada por um guia português!”
Entusiasmadíssima com um ficante com quem só tinha saído uma vez, outra amiga minha esperou com ansiedade pelo segundo encontro. Passou o sábado se arrumando e, na hora H, nada. Ele não apareceu, não telefonou e não atendeu o celular. No domingo, ela insistiu até conseguir falar, e aí ouviu a justificativa: ele tinha sido abduzido! Contou que estava voltando da fazenda com uns amigos quando viram uma luz estranha e a caminhonete em que estavam parou. Segundo o ficante, eles viveram algumas horas estranhíssimas _ não viam ninguém, mas sentiam presenças diferentes e não conseguiam sair do local. Só foram “liberados” de madrugada e por isso ele não apareceu, explicou.”Fazer o que numa hora dessas?”, pergunta ela. “Xingar, bater, rir?” E conclui, implacável: “Quando um homem está a fim de uma mulher, não existem obstáculos. E, quando ele perde o interesse, qualquer coisa serve de pretexto – até mesmo os ETs...”