sábado, 25 de agosto de 2007

Lágrimas ocultas.



Se me ponho a cismar em outras eras

Em que ri e cantei, em que era querida,

Parece-me que foi noutras esferas,

Parece-me que foi numa outra vida.


E a minha triste boca dolorida

Que dantes tinha o rir das primaveras,

Esbate as linhas graves e severas

E cai num abandono de esquecida!


E fico, pensativa, olhando o vago

Toma a brancura plácida dum lago

O meu rosto de monja de marfim.


E as lágrimas que choro, branca e calma,

Ninguém as vê brotar dentro da alma!

Ninguém as vê cair dentro de mim!


(Florbela Espanca)


Imagens e Geradores p/ Orkut

Nenhum comentário: